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quinta-feira, 16 de março de 2017

O sagrado banalizado

O Pastor Jocer Goes é um dos homens sérios que estão à frente de ministérios no Brasil

Uma grave crise se espalha Brasil afora. Trata-se da banalização e depreciação do ofício sagrado. A sociedade de uma forma em geral, interroga, confunde-se, menospreza e desvaloriza o ofício sacerdotal evangélico. É normal sermos interrogados sobre “como se processa a formação do pastor”. Nas academias do saber, em grupos de bate-papos, em diálogos entre amigos, em entrevistas etc. o assunto é sempre o mesmo. E não é para menos, a coisa está escandalosa e horripilante. A cada momento nos deparamos com sujeitos que se apossam desse “serviço” destinado a homens “vocacionados, escolhidos, chamados e enviados” para produzir o “aperfeiçoamento” dos santos. Isso mesmo, aperfeiçoamento (melhoramento, elevar, requintar, apurar). Ora, a grande pergunta é: Como um elemento sem preparo teológico, sociológico, emocional, ético, educacional e espiritual pode “aperfeiçoar” o outro? Cristo, questionando a seriedade religiosa de alguns judeus, citou um provérbio: “Médico, cura-te a ti mesmo”.

Tornou-se corriqueiro, indivíduos “neófitos, despreparados e infantis na fé”, se acharem no direito de assumir um altar, uma congregação, um ministério. Não sabem sequer administrar seus reveses, como ajudarão aos outros?

São homens “egoístas, avarentos (fazem por dinheiro), jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, externando imagem de vida santa, mas nega-a com suas atitudes” (2 Tm 3:2-5).

Sem falarmos na forma como esses “líderes” são feitos. Rejeitam a seriedade da instituição chancelada juridicamente, teologicamente, socialmente, moralmente e historicamente. Se fazem, sem nenhum escrúpulo. Falaram-me sobre movimentos “evangélicos” em nosso país que o líder sequer conhece seus seguidores. Mesmo assim, em um “culto” qualquer, chama também qualquer pessoa e diz: “Deus manda lhe consagrar a pastor”. Isso não se classifica como absurdo, não. É crime. É pecado fatídico, cruel. Sem esquecer daqueles que ainda não saíram do jardim de infância das primeiras letras, os recém convertidos, que se acham no direito de exercer um cargo que à luz da Bíblia Sagrada é para os experimentados, maduros na fé. Gente, nem Cristo usou desse expediente. O Senhor ficou cerca de 18 meses “ensinando” aos seus discípulos o que deveriam fazer. No cerne dessa questão, é impossível não afirmar que, a motivação desses “obreiros infiéis” não passa de interesses próprios.

Quando falamos seus próprios interesses, entenda-se, não é mais Cristo, não é mais cristianismo altruísta, como nos diz Paulo em Filipenses 3:8: “Deveras considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus, meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como esterco, refugo, para ganhar a Cristo”. O apóstolo fala sobre a excelência do conhecimento de Cristo que, ao ser realizado, inverte a escala de valores, e então, o homem é tocado por este amor e reputa todas as coisas em perda. Mas ninguém troca algo de valor por nada. Para os bens, conforto material, abastança ou escassez por amor a Cristo, significa que Cristo revelou a este eleito algo mais interior, profundo e transcendente, que daí para frente nada mais vale a pena. Sendo esta revelação uma chancela espiritual ao caráter aperfeiçoado, ela só vai ocorrer na vida daquele que está com olhos abertos para ver e ouvidos livres para ouvir.

Infelizmente, temos que admitir que os lobos vestidos de pastores veem apenas a carne das ovelhas, não o bem estar delas, e da mesma forma que um predador se camufla para dar cabo de suas presas. Esses lobos se travestem em zangados “defensores da fé, da moral, dos bons costumes, da religião, e até choram, sob o manto de intransigentes defensores daquilo que as ovelhas ‘gostam’ de ouvir, se apresentando como pais da fé”.

A palavra profética inspirada pelo Espírito Santo já previa e nos advertia sobre eles, nos ensinando termos como “ventos de doutrina, costumes de homens, evangelho da porfia” etc. Na epístola de Judas, versículos 12, 13 e 16, traz-nos revelações seríssimas sobre os tais, veja: “Estes homens são como rochas submersas, em vossas festas de fraternidade, banqueteando-se juntos sem qualquer recato (honestidade, pudor), pastores que a si mesmos se apascentam; nuvens sem água impelidas pelos ventos; árvores em plena estação dos frutos, desprovidos destes, duplamente mortas, desarraigadas; ondas bravias do mar, que espumam as suas próprias sujidades; estrelas errantes, para as quais tem sido guardada a negridão das trevas, para sempre. Os tais são murmuradores, são descontentes, andando segundo as suas paixões. A sua boca vive propalando grandes arrogâncias; são aduladores dos outros, por motivos interesseiros.

Temo pelo futuro da Igreja em nossa nação. É urgente a necessidade de atitudes ministeriais que enxuguem seus quadros de obreiros, busquem a seriedade e o equilíbrio na escolha, provando-os, a fim de saber se são vocacionados de verdade. Do contrário, a derrocada é inevitável.

Algo precisa ser feito. Não se pode continuar do jeito que está. Faz-se necessário o surgimento de normas, leis e diretrizes que busquem proteger esse bem maior da sociedade que é a espiritualidade através da religião. Rousseau afirmou que os homens tornam a “história da humanidade não em evolução, mas em degeneração”, e que a “vontade coletiva deve ultrapassar os interesses particulares”. Rousseau afirma ainda que, as “regras sociais devem ser interiorizadas, vividas como um dever ético”. Em sua visão, o “sujeito deve de alguma maneira se socializar, abandonar o individualismo para transformar-se em um ser coletivizado, capaz de pensar nos outros não como instrumento de barganha, mas como fim”.

A Bíblia é uma constituição que outorga a legitimidade da Igreja, organizando-a, normatizando-a, lhe dando o norte e preceitos de como ser agência de Deus na terra. Proibindo os homens a usarem como objeto de interesses escusos e particulares. Infelizmente, é só o que estamos vendo hoje em dia. Mas é preciso que se diga também mais uma verdade: O povo corrobora pra que isto aconteça. Se a sociedade questionasse esses elementos, através de uma consciência crítica-cristã, não sendo conduzida pela emoção, mas pela racionalidade, evitaríamos muitos problemas. Afinal, o homem foi feito para pensar. Quando ele não pensa, torna-se sem vida e sem capacidade de ser um sujeito existente, não sabendo opinar nem muito menos vivenciar a verdade. Opinião é a crença que se baseia em dados sensíveis e perceptíveis. Verdade é a convicção baseada em argumentações racionais.

Uma sociedade séria, não suporta os desmandos que destrói seus projetos. Uma Igreja séria, não deva suportar desmandos que destrua seus sonhos e o ide comissionado pelo próprio Cristo.

Me ocorre fazer uma pergunta: Porque tantos estão calados? Será que, em nome da liberdade, que todos amam, de poder professar suas convicções religiosas, abrir-se-á mão de protestar contra aqueles que vilipendem a palavra de Deus? Nem Cristo suportou, pois de forma enérgica denunciou e repeliu os que transformavam sua em casa em covil de ladrões. Ou o “templo” dos que se dizem puros e tradicionais está tomado pelos fariseus hipócritas que por terem telhados de vidro não podem se pronunciar?

Afinal, quem sentou-se na cadeira de Deus?

Já chega de patifaria, canalhices, de homens mau-caráter, desrespeitosos, vergonha e decepções que a Igreja do Senhor Jesus tem passado nessa nação. Já é hora de darmos um basta a esses salafrários, indignos, lobos devoradores que assolam e destroem o rebanho do Senhor. Já chega de “bispos sem serem superintendentes, de apóstolos que nunca viram ao Senhor, de patriarcas que nunca ‘sacrificaram’ seus filhos. Já chega de movimentos que inventam ‘ofícios eclesiásticos’ sem base bíblica”. Enfim, já passa da hora de um pronunciamento da verdadeira Igreja à nação brasileira, salvando o genuíno evangelho dessa perversão que mercenários e relaxados negociadores colocaram-no, destruindo a dimensão espiritual mais perfeita que existe na terra.

Ora vem Senhor Jesus!


Pr. Jecer Goes

Líder da Assembleia de Deus Canaã em Fortaleza (CE)